17.12.21

17 de DEZEMBRO de 2021


CALENDÁRIO DO ADVENTO //

17 de DEZEMBRO de 2021

ARTISTA. AMADEU SANTOS

LOCALIDADE. BRAGA


SOBRE MIM.

 Nasceu em Guimarães, em 1953. 

 Licenciou-se em Artes Plásticas/Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto.

 Foi professor de Artes no ensino secundário. 

 Leccionou Cultura Contemporânea e diferentes cadeiras de Desenho na Escola Superior Artística do Porto (extensão de Guimarães).

 Enquanto artista, trabalhou para diferentes galerias, realizando diversas exposições individuais e participando em várias exposições colectivas, apresentando trabalhos nas modalidades de desenho, pintura e objecto/instalação. No estrangeiro, expôs na Galerie Aurum, em Montreux, Suiça.

 Participou em importantes eventos artísticos como o festival Marca Madeira/89 e o Encontro Europeu de Arte, realizado em Guimarães em 1989.

 Fez diversas palestras e orientou diversos cursos livres nas áreas da cultura artística, especialmente sobre História da Arte, Fotografia e Cinema.







SOBRE A MINHA ARTE POSTAL.

 Um pequeno poema de Ise, poetisa japonesa do século XII, foi o mote para o meu trabalho. São sete palavras, partindo de um motivo visual (a chuva que cai, como semente) e que inspirará a tessitura verbal que o poema é. É muito belo, porém, de uma simplicidade desarmante. E como no manuscrito Ise-Dhû, donde o poema foi retirado, também havia uma página caligrafada pela autora em que as palavras parecem cair como gotículas de chuva, isto fez-me recordar três desenhos meus antigos também referidos à água enquanto metáfora da da criação, que pode ser a de um poema como de uma obra de arte. E imprimi-os reduzindo-os para o tamanho de um postal, onde os colei. Quis assumir, na esteira de uma poética da simplicidade, que é também a de Ise-Shû, a arte postal na sua literalidade: simples postais. Num deles escrevi um pequeno texto onde procuro explicar que, enquanto artista, gosto de operar com palavras e imagens.    


 A chuva que cai e fertiliza a terra. Metáfora do gesto fecundador, criador, renovador. Como o gesto artístico e o poético. Em horas felizes de inspiração chovem ideias, imagens, palavras. E onde havia branco, vazio e espera, nasce o desenho ou o poema, “pequena luz bruxuleante” iluminando a inquietação e o desassossego do criador, fertilizando o solo árido do quotidiano. Chamem-lhe poema ou desenho. Para mim, palavra e imagem partilham o mesmo território, contaminam-se na hibridação do poético, enlaçadas numa espécie de música vinda da inteligência e da alma. Nunca me decidi entre as artes e as letras. São partes da mesma tessitura, de uma vida mais rica e imaginativa.

Amadeu Santos 2021


Sem comentários:

Enviar um comentário