3.12.14

3 de Dezembro I MARIA MADEIRA

autora. Maria Madeira
título. O Ninho


Por 
entre 
verdes 

duros 
velhos
claros 

quebrados 
ramos 
outro 

branco 
doce 
Maio 

vem 

william carlos williams 
antologia breve
assírio & alvim 
1993 


 Chamo-me Maria e desde que me lembro, sempre fiz bonecas de pano. Em criança confeccionava e vestia as bonecas que criava. Já naquela idade adorava as texturas e as cores dos tecidos, que ia arranjando numa pequena fábrica de confecção por onde passava à vinda da escola. Aprendi cedo a coser à mão, a tricotar e a fazer as peças de malha que vestia, com as revistas Burda da época e com alguns ensinamentos da minha mãe. 

 Sou muito inquieta por natureza e o prazer de criar coisas com as minhas mãos nasceu assim muito cedo. Agrada-me o processo criativo todo, desde a concepção das peças, a escolha de materiais, cores e texturas, a execução e a finalização. A minha preferência vai para formas simples e conceptuais. 

 Quiseram as escolhas tomadas pelo caminho que o meu percurso académico não passasse pelo Design de Moda, mas pelas Artes Plásticas. Apesar disso o gosto pelos tecidos prevaleceu e a vontade de fazer algo com eles, fez surgir o projecto kase-faz em 2005 em parceria com o meu marido. Este é fruto da vontade de construir peças de autor com um cunho actual aliado a saberes de manufactura mais antigos. 

 Neste momento esse projecto está em reformulação de forma a ser mais abrangente, com a abordagem de outras linguagens e matérias-primas. Vai ainda ganhar um novo nome, mantendo porém sempre o foco na premissa que lhe deu origem: o universo têxtil. 

by maria madeira


 As personagens de pano da Artista Plástica Maria Madeira já espreitaram através desta janela da cidade. Para o Calendário do Advento deste ano, quando recebi a caixa de cartão enviada pela Maria, sabia que lá dentro tinha viajado até esta janela uma personagem delicada. A Maria queria receber notícias assim que a caixa chegasse e eu tratei de abrir para ver e aproveitei para  perguntar a quem lá dentro vinha: "Como te sentes?". Uma voz delicadamente meiga me respondeu com um chilrear: "Ansiosa para habitar esta janela!".

by vânia kosta



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