30.12.12

até dia 6 de Janeiro...


até dia 6 de janeiro ainda podem espreitar esta janela. ela lá continua iluminada para todos os que levantam o olhar ao seu encontro nesta rua da cidade. vinte e quatro janelas habitadas com vinte e quatro histórias. depois deste dia fechamos este calendário de adventos. para o ano esperamos voltar a olhar através dela com o mesmo encanto. neste ÁLBUM podemos recordar estas "Histórias que espreitam à janela".

25.12.12

calendário de adventos'12


 assim aconteceu. um novo calendário de adventos que se revelou para muitos olhares espalhados pela cidade e por tantos outros lugares... 

 quando comecei a idealizar o calendário de adventos para este ano senti, desde esse instante, a enorme vontade de convidar autores/artistas a partilharem as suas histórias através destas janelas.

 alguns destes autores estiveram presentes no primeiro calendário de adventos precisamente há um ano atrás. este ano, novos rostos habitaram também este calendário e todos juntos demos forma, cor, luz e vida a esta janelaAdEntrO. 

 os primeiros esboços feitos sobre a folha de papel traçavam já o forte desejo de trazer até aqui histórias diversas. histórias de gente diferente e bonita, por dentro e por fora. histórias que chegaram de diversos lugares, de longe e de perto. em comum a felicidade. a criatividade. o desejo de sermos todos. este mundo das histórias nos liga. foram apontamentos e afectos partilhados. memórias partilhadas. 

 "histórias que espreitam à janela" enriqueceram a história desta janela. porque esta janela faz-se todos os anos de todos os rostos que por ela espreitam. as ligações continuam... uma rede de afinidades significativas que dão valor maior a tudo que nos envolve e habita. um obrigada a todos e lembra-te tu também podes espreitar por esta janela...

 as janelas deste calendário de adventos foram sendo reveladas em pormenor aqui desde o dia um de dezembro. até dia 6 de janeiro podes ainda ver este calendário voltado para a cidade. de dia e de noite (iluminado de cor e luz) podes continuar a encantar-te com este calendário de adventos.

24.12.12

*24 de dezembro*


título. #24



[técnica. lápis com 24 fotografias do calendário de adventos'11]

 há precisamente um ano atrás, pela primeira vez, desta mesma janela desejamos a todos uma feliz árvore do advento. se bem se lembram, foi o título sobre o qual os vinte e quatro artistas/autores convidados se debruçaram para recriar um calendário de adventos nas janelas desta casa da cidade. vinte e quatro dias que fomos revelando com entusiasmo no blog às doze badaladas de cada dia. vinte e quatro trabalhos que espreitaram pela janela a rua desta cidade e todos os que por ela passeavam. 



 um original e único calendário de adventos recriado nas janelas de uma casa. 

 nesta casa que respira e continuará a respirar no coração da cidade. um calendário voltado para esta rua da cidade. um calendário que brilhou de dia e nos encantou de noite. um calendário que desejou os bons-dias e que se deitou desejando a todos as boas-noites. e nestas vinte e quatro janelas foram diversos os desejos que se projectaram, que se desdobraram em múltiplas vontades para acontecer um dia. alguns deles entretanto já se terão realizado. quantos deles terão sido? é verdade que alguns poderão ainda estar prestes a acontecer de verdade e outros ainda poderão estar a acontecer neste mesmo instante. 

 essas pequenas sementes que plantamos nesta janela em forma de artefactos foram alimentando a cidade que vivia do lado de fora. a todos os que semearam estes desejos, nesta árvore de adventos, há precisamente um ano atrás, um terno e profundo abraço. estas janelas ganharam novo sentido a partir desse instante. uma nova razão para continuarem a olhar curiosas as pessoas que habitam ou simplesmente passeiam pela cidade de braga. 

 um obrigada pelo carinho. pela partilha dos vossos desejos. por se terem envolvido com o mesmo entusiasmo que eu neste projecto. hoje, este calendário de adventos desvenda a última janela com uma simples memória a todos os que colaboraram com este projecto pela primeira vez. a todos vocês um enorme obrigada. 

 a todos os que colaboraram este ano com esta janelaAdEntro um enorme obrigada. 


texto. Vânia Kosta

23.12.12

*23 de dezembro*


autor. Elisa Lima
título. Tibete



[técnica. Os dois objectos pendurados na janela 23, percorreram imensos e distantes quilómetros. Distinguem-se pelas cores vivas e símbolo exótico. Tudo no Tibete tem um significado, toda a acção tem uma consequência, embalando-nos na espiral eterna da vida, seja aqui nesta Terra ou numa outra algures. O amuleto colorido é normalmente pendurado às portas dos templos e o símbolo a azul em fundo branco faz parte de grandes pedaços de tecido que se penduram em tectos, janelas, por fora e por dentro]




 Na hora de decidir o que apresentar para este projecto, questionei-me, “Afinal, que produzo eu?” A resposta invadiu-me por fim. Produzo histórias que se baseiam-se na escola que elegi como a fundamental para a minha existência: a experiência directa da vida. Esta é sobre o Tibete, a cultura que mais me impressionou nos 4 continentes em que estive. 

 Persistindo, depois de percorrer vários países e continentes, concluindo que a maior parte das nações tinham já sido contaminadas pela corrupção e ganância pelo poder, chego por fim e por terra (depois duma viagem de 52h de comboio – na linha férrea mais alta do mundo chegando aos 5,072m acima do nível do mar), à cidade sagrada de Lhassa. Aí deparo-me com o outro lado da lua, mas neste caso do sol: a luminosidade intensa e persistente daquela região, que condizia com as almas cintilantes daquelas pessoas. Se existe o verdadeiro “calor humano” traduzido num absoluto amor incondicional, ele habita, e infelizmente por não muito mais tempo, alguns dos Tibetanos que vivem na sua terra natal, território da República Popular da China desde os anos 50. Aos que tiverem a possibilidade de visitar digo, vão já! Não irão regressar os mesmos. Mais sujos certamente, das andanças da viagem, mas o espírito esse, estará a brilhar! 

texto. Elisa Lima

22.12.12

*22 de dezembro*


título. Dulcineia Minhota

[técnica. papier machê] 


 Esta  Dulcineia é uma peça que retrata algumas temáticas regionais e nacionais, como os bordados minhotos. Tecnicamente utilizamos a forma de construir os elementos festivos das romarias minhotas - gigantones e cabeçudos - feitos em pasta de papel, resolvemos adaptar esta tecnologia a uma linguagem contemporânea. A razão de ser do nome “ Dulcineia”, ocorreu por causa da proximidade ao quarto centenário da edição das “Aventuras de D. Quixote de La Mancha”, tal como a Dulcinea de Cervantes, as nossas são sonhadoras, românticas e aguardam alguém que as acolha e acarinhe. 

 O Design inclusivo é uma vertente muito relevante para nosso trabalho, no entanto e porque queríamos que não fosse apenas uma peça meramente decorativa, pretendíamos que o conceito associado tivesse um significado muito forte, desta forma a inclusão de parceiros fragilizados socialmente afigurou-se fundamental. Gostamos de trabalhar com cidadãos de muito valor mas que não tenham reconhecimento social, dentro das nossas possibilidades gostamos de contribuir para que o seu valor seja reconhecido. Cada vez que uma peça nossa chega ao mercado há toda uma história de colaboração que lhe está associada, um trabalho de parceria. No caso desta Dulcineia artesanal feita com a colaboração dos jovens da Appacdm ( Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental ) de Ponte de Lima , são eles que realizam a base e nós modelamos a peça

texto. Vivian e Ricardo Cabral

[dimensões: altura aproximada 60cm / para venda: 330€+IVA / mais informações pelo contacto vaniakosta@gmail.com]

21.12.12

*21 de dezembro*


título. Pérola de água


[técnica. Peças em barro executadas na roda de oleiro. Polimento feito com uma pedra do rio e textura executada à mão. Cozedura a 930ºC num forno a lenha numa atmosfera de carbonação que lhes confere o tom negro. Adaptação final de linho tingido] 


 Era uma vez uma gotinha d`água que queria ser diferente e sorte a sua, como ainda estava para nascer poderia escolher com que aparência ficaria. As suas irmãs assemelhavam-se, eram translúcidas e cristalinas igualzinhas a todas as outras que existiam pelo mundo fora, mas esta...bem... esta queria ser negra! Sim, negra e brilhante !!! Então timidamente foi nascendo devagarzinho, devagarzinho... até se dar a conhecer ao mundo, graciosa como uma pérola negra.

 Esta peça é uma das maquetes executadas para a Exposição "Toupeiradas - novos rumos da cerâmica negra" que ainda poderá ser visitada no Museu Municipal Terras de Besteiros, em Tondela até 13 de janeiro de 2013. Mas esta gota em especial, venha conhecê-la pessoalmente e deleite-se com todas as bonitas peças numa janela perto de sí em Braga , é só querer ! 

texto. Xana Monteiro

20.12.12

*20 de dezembro*


autor. Mónica Faverio
título. [nome secreto]




[técnica. boneca de pano com aplicações em vidro]

nella mia testa c'e il suono del vento tra le foglie d'albero, il mio corpo ha un cuore di vetro gonfio d'aria di lago é immerso nell'acqua fresca della sorgente.

na minha cabeça está o som do vento que sopra entre as folhas de uma árvore. no meu corpo está um coração de vidro cheio de ar do lago, imergido na água fresca de uma nascente.

texto. Mónica Faverio

19.12.12

*19 de dezembro*


autor. Mercearia do Senhor José Braga
título. A Mercearia



[técnica. objectos da mercearia. corrimões, saco de colorau, saco de nozes, abanador, um novelo de corda de sisal e fio do norte]


 É na esquina… a mercearia. Bem no centro da cidade. Permanece, apesar das desventuras do mercado atual. 

 O colorido dos artigos visíveis, na sua forma peculiar de exposição, a traça genuína da madeira velha e escura das prateleiras e do balcão, caracterizam-na.

 Por dentro tem alma! Alma! A cortesia e atenção ao freguês (mesmo que compre cinco reis de nada) e a agilidade no aviar da sua pressa marcaram o seu modo de ser! Embrulhos em papel pardo atados com fio de juta ou corda de sisal, de tal modo bem feitos. O colorau avulso, os corrimões de açúcar amarelo, as vassourinhas de palha e as vassouras número 8, o sabão rosa da confiança, o macarronete riscado e o som da faca que corta o bacalhau, como desejar. Nozes, passas, pinhões e pinhas…tem tudo! 

 Dela são os fregueses, que procuram o artigo, o sentir e a confidência. Os turistas que passam e vitoriam a sua imutabilidade e dela furtam retratos. São dela também os fornecedores, que preservam a consideração, recíproca, de muitos anos de uma relação de (mais que) negócios, que jamais vemos no cosmos da mercancia atual. Dela são todos que ao olhá-la, sorriem! 

 Quanta vida dá a quem com ela convive?! 

 Gosto da mercearia! Muito! E queria vela sorrir mais tempo, de outra forma, mas não é minha. 

 Neste momento encontra-se no advento do seu desfecho. 

 Um cair do pano com aplausos infindáveis a quem soube mante-la assim, até ao fim! 

texto. Ana Braga




 *uma nota pessoal. 

 desde o instante em que comecei a idealizar este calendário de adventos'12, eram várias as histórias que gostaria de partilhar com todos através destas janelas. este calendário de adventos ganhou forma, pela primeira vez, nesta rua da cidade e esta rua da cidade é também ela habitada por muitas histórias. algumas continuam a existir nas palavras deste ou daquele vizinho que com alguma saudade relembram tempos que pertenceram a este lugar e a eles mesmos. é tão bom ouvir, "bom dia menina" e sem contarmos seguir-se uma bela história pela manhã. não daquelas histórias que se contam de noite para adormecermos. mas aquelas histórias que nos contam para despertar o olhar e os sentidos. histórias que nos podem ajudar a manter despertos para os pormenores que podemos continuar a descobrir na cidade e nas pessoas. eu adoro ouvir estas histórias e julgo que uma deveria, por todas as razões da cidade, fazer parte desta janela. fico feliz por me terem deixado, naquele dia, fazer estes apontamentos da mercearia da cidade. da mercearia por onde sempre passei. que sempre conheci tal e qual continua a ser até hoje. para fazer parte deste calendário convidei esta mercearia e as pessoas que lhe dão rosto todos os dias. aqui um enorme Obrigada.

texto. Vânia Kosta

18.12.12

*18 de dezembro*


autor. Katja Tschimmel
titulo. MóbilMente



[técnica. mobile construído com objectos que incentivam o pensamento criativo] 


a pedra que conta a história do início das ideias, 
os outros objectos, em si resultados de mentes mobiles, ao mesmo 
tempo estímulos para a ideação: 

uma chave para a abertura da imaginação, 
uma moldura para procurar novos enquadramentos, perspetivas e nuances, 
elásticos para flexibilizar associações, 
um dado dentro de um dado, e a matriosca, pois cada ideia contém 
uma outra ideia e mais uma, 
um bloco ágil para visualizar e testar histórias, 
três clips em espiral, contectados, como se conectam as nossas 
ideias em desenvolvimento na procura de uma ideia maior, 
um lápis que deixa deslizar as ideias 
para o caderno que as convida a incubar, 
um marcador, laranja, para que as ideias singulares se destaquem, 
uma caixa que acende faíscas, 
duas molas, uma tradicional e bipolar, a outra moderna e suave, 
guardiã de ideias sem as bloquear, 
setas que se colam e descolam das palavras e imagem que queremos 
fixar na memória. 

texto. Katja Tschimmel

17.12.12

*17 de dezembro*


autor. Andreia Costa
título. os olhos daqueles que não falam


[técnica. objecto galochas] 


... acompanham-me desde aquela primavera em que visitei um pequeno bloco cinzento rodeado de árvores e jardim... onde por lá tantos pequenos passaram e me fizeram sorrir, chorar...pensar em como a vida é tão efémera e em como tantas vezes somos impotentes... 

a história destas galochas chega agora ao fim, desagastadas pelo tempo, pelo sol, chuva, terra e lama que foram pisando... pelo uso nesta caminhada que me preenche o coração com a genuinidade dos que nos dão tanto com tão pouco... daqueles que hão-de continuar a passar por aquele bloco cinzento rodeado de árvores e jardim… que me vão fazer sorrir, chorar e pensar… 

… o olhar daqueles que não falam, a palavra nos olhos daqueles que esperam um olhar… 

texto. Andreia Costa

16.12.12

*16 de dezembro*


autor. Marisa Mata
título. "A história do eterno abraço" (ou da mãe e da filha e de uma camisola às risquinhas)





[técnica. objecto camisola às risquinhas que abraça duas pregadeiras especiais]


 “Haverá abraço mais ETERNO que o 1º que uma mãe dá ao seu bébé acabado de nascer?” 


 Foi com esta pergunta que descobri com que peça especial poderia surpreender, no seu aniversário, aquela que me deu o 1º abraço que recebi na vida! 


 Dos requisitos Peça especial + Momento especial + Tecido especial eis que surgiu o pedido de uma pregadeira Eterno Abraço cujos personagens seriam uma mãe e uma filha. 


 Só faltava mesmo um tecido que fosse realmente especial, algo que representasse a camisola de gola alta às risquinhas que a minha mãe vestia naquele 26 de Janeiro quando p’la 1ª vez me abraçou, a mesma camisola que tantas vezes levei para a escola com o propósito de surpreender os colegas ao contar a minha história: “Esta era a camisola que a minha mãe tinha vestida quando eu nasci!” 


 Foi então que aquele pedacinho de tecido que guardei, por exactamente muito se assemelhar ao da camisola com que vim ao mundo, saiu da caixa dos tecidos onde parecia estar condenado a ficar esquecido e se transformou na matéria-prima de um pedido muito especial! 


 O pedido foi abraçado com entusiasmo e das mãos da Vânia nasceram 2 abraços: um representando o 1º abraço entre a mãe e a sua bébé e outro representando um dos muitos abraços entre mãe e filha, dados ao longo de uma vida de amizade e cumplicidade. 


 O presente foi recebido com surpresa e alegria e, claro está, agradecido com muitos abraços! 


 Já não visto a camisola das risquinhas para contar a minha história na escola mas em compensação agora somos duas de pregadeira ao peito, orgulhosas da nossa peça tão única e especial e é uma alegria sempre que temos oportunidade de contar a história do nosso eterno Eterno Abraço


Texto. Marisa (a filha) e Bia (a mãe)

15.12.12

*15 de dezembro*


autor. Maria Reis Lima
título. A viagem



[técnica. Origami e colagem I Caligrafia da palavra Butoh – K. Sekiuchi I Fotografia – Nuno Gregório] 

 Numa viagem, há sempre pedaços de ser que se perdem e se ganham, vivências que refazem a geografia do corpo, num tempo fora do tempo, onde coexistem todos os lugares. 

 Percursos- traços- búzios, som do Atlântico em Sanuki, uma praia do Pacífico. 

 Embrulhado em origami, chega a esta janela um eco de “Memórias de Areia”, espectáculo realizado aquando o meu regresso do Japão. Na altura, escrevi no programa que era a tradução da minha vivência japonesa, “uma verdadeira história de amor onde a dor coabitou com a alegria e a exaltação, onde procurei o Oriente em mim, numa miscigenação de culturas feita por dentro.” 

 Neste tempo de Advento, em que relembramos com o profeta Isaías “a esperança na justiça e na paz”, fica também o convite para um tempo de meditação e de diálogo, da descoberta e do encontro do outro, do diferente, singular e universal. 

 Como me ensinou o meu mestre de Butoh Kazuo Ohno: “Dançar é celebrar a Vida”. Dancemos todos esta partilha de histórias numa janela aberta sobre a cidade de Braga. Vivamos o conceito de “wabi-sabi”, a beleza das coisas imperfeitas, impermanentes e incompletas, aquela  que só se encontra em objectos não convencionais e humildes, a quinta essência da estética nipónica. 

 Serve também esta instalação /presença para antecipar a celebração dos 470 anos da Amizade Luso-Japonesa, a comemorar no próximo ano. 

 Apetece dizer: de Braga com amor. 

texto. Maria Reis Lima

14.12.12

*14 de dezembro*


autor. poderia ser a tua história a espreitar à janela...
título. uma carta



[técnica. cartas de diversos lugares]


 esta janela poderia ser habitada por ti, porque também tens com certeza muitas histórias que deviam ser partilhadas. apontamentos que ganham mais encanto quando partilhados com outros olhares e sorrisos.

 hoje, esta janela poderia ser habitada por ti. seria a tua história a espreitar por esta janela. aqui, simbolicamente diversas cartas chegados de diversos lugares durante estes anos. foram também diversos cartas que partiram de diversos lugares até aqui. 

 mas nesta janela poderia tão somente estar uma carta. a tua carta. a tua história. “quantos ainda se lembram do encanto de receber uma carta como esta?”. 

 daquelas que escrevemos em formato papel. que voltamos a reler antes de as colocar dentro de um envelope. o desvendar do lado de fora o nosso nome, o lugar e a pessoa que dias depois recebe essa mesma carta. a magia para quem se encanta em descobrir os selos diversos que ilustram acontecimentos, histórias, artefactos e personalidades. o ilustrar um envelope como se ilustra um desenho. a cor, as formas e até os aromas que muitos selos podem adquirir. o encanto de colocarmos os selos e vermos o envelope seguir o seu caminho. pensar, nas mãos que levam aquela carta mais além, para cada vez mais próximo do seu destino. o viajar até chegar às mãos daquela pessoa que sim, tem o momento em si de abrir e desvendar o seu conteúdo. 

 quem ainda é capaz de sentir o gosto de abrir o correio e descobrir um envelope endereçado a si sem que sejam as habituais contas e compromissos de outra natureza? quem ainda se lembra de receber  cartas assim? eu continuo a manter viva esta vontade quando as palavras simplesmente não podem ser ditas ao ouvido. esta janela poderia ser habitada pela tua história. busca essa memória. pega numa folha de papel, num lápis ou numa esferográfica e escreve a tua história. escreve essa carta. envia-a à pessoa com quem queres partilhar esse teu apontamento.

 as mãos de quem receber essa tua carta vão sorrir.

13.12.12

*13 de dezembro*

título. poemário


[técnica. objecto poemário] 


"Se tivesse que escrever um livro de moral, as primeiras 99 páginas ficariam em branco e na 100ª PÁGINA escreveria uma só frase: Existe um único dever, o dever de amar". 

Albert Camus (1913-1960) 

a Livraria 100ªPÁGINA completa este ano o seu 13º aniversário. 

12.12.12

*12 de dezembro*


título. A leveza do vidro

[técnica. vidro soprado]


 O fogo, a cor laranja do magma que tento equilibrar, o controle do sopro que lhe dá forma. São estes desafios que me envolvem na alquimia do trabalho do vidro com maçarico.

 "A leveza do vidro" simboliza a transformação da matéria pesada que se torna leve na sua forma, representada pelo contraste entre a leveza/fragilidade do vidro e o peso/solidez das correntes.


texto. Sérgio Lopes