autor. João Catalão
titulo. GUELRA o encontro solsticial de Garnata e Damião
[técnica. transfiguração sobre objecto, 2011]
(cavalo antigo e sete fitas de Bonfim dobradas)
A figura do cavalo foi um desenho recorrente da minha infância. Um cavalo desafinado, onde a quase apreensão da cabeça e da curvatura vertebral até à cauda se conjugava com a deselegância do torso e da inflexão das patas. Deixei por isso muitos cavalos inacabados. Que flutuavam depois libertos do peso desse corpo tosco que os refreava. Este cavalo vermelho sangue representa assim uma resolução pessoal longamente aguardada. E uma anunciação de agigantamento. Resolução enquanto respiração solsticial e identidade militantemente poética. Anunciação a partir da transfiguração coreográfica feita na cauda com fitas do Bomfim cor de laranja. A cor que sucede em 2012 o azul-turquesa nas anilhas dos pombos-correios em Portugal. A cor levante na paisagem alteada a partir da sua caligrafia orquestral tão significativamente oceânica. Na quarta semana de gestação o embrião humano tem outra elasticidade. Tem guelras como os peixes. E um rasto de estrelas como cauda.
texto de: João Catalão, Dezembro 2011
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